O BUNDA
( Uma reflexão na discussão ótica
entre olhos e consciência num carnaval qualquer )
Não, você não leu errado, é mesmo sobre bunda a
abordagem deste texto, só que da bunda no substantivo masculino maiúsculo, ou
seja, a bunda ou “O” bunda própria se é que se pode qualificar ou classificar
um/uma bunda.
Imagina-se que “o bunda” não pareça
estar falando dos glúteos e sim da personalidade da pessoa que no popular seria
um indivíduo sem muita coragem ou aquele que não toma decisões acertadas, o
cara medroso que titubeia e finge que o assunto não é com ele... O sujeito (bundão),
mas também não é esse o intuito que leva a parafrasear esse tão insustentável
“órgão” do corpo humano.
Quando se diz “o” bunda é porque
esta falando de sua própria bunda, ou seja, uma bunda masculina aqui no caso
específico, e no meio machista jamais um homem poderia referir de sua própria
bunda no substantivo feminino.
Veja bem, quando bebês a mãe e as
mais afoitas titias tornam o alvo para mordiscadas, beijos e beliscões é justamente
a bunda, aqui no caso é “O” bunda que nesta idade são lindas, cheirosas, tenras
e aveludadas almôndegas de amor.
Já na idade infantil se torna objeto
quase desprezível, pois é de um tempo aonde em qualquer chão irão se esfregar,
areia, terra dos parquinhos e gramados, os mais imundos, e se tornam verdadeiro
imã de cintas, chinelos e palmadas, berebas coceiras e feridas tomam conta desses
que inocentemente é imposto e esta é a sua empreitada.
O bunda fica adolescente antes mesmo
do próprio adolescente começando a chamar atenção muito antes que a feição e
vão ficando mais resguardadas pelos tutores que não querem expostas tão
preciosas peças aos olhos de estranhos.
Começa a fase adulta do bunda, e a
partir da maioridade ela causa ansiedade e nos olhos saltam as vontades, é aí
que o dono do bunda nota seu protuberante órgão como se este fosse uma
alegoria, são tratados com um sublime diferencial onde “O” bunda tem a
percepção de que o seu é atrativo e a dos outros é atraente, começa aí o jogo
de sedução das bundas, “A” bunda até na fotografia se torna indispensável e “O”
bunda fica louco de excitação quando se depara com “A” bunda, aliás, “O” bunda
fica louco até mesmo por “OUTRO” bunda.
Desse ponto em diante os encontros
entre o bunda e a bunda são abundantes, a bunda vai o bunda vem e por diversos
ciclos as bundas têm encontros onde a bunda entra e o bunda sai, a bunda chega
e o bunda vai numa dança de frenesis constantes até onde a maturidade faz com
que todas as bundas sejam boas a ponto de começar a confundi-las de tantas que são...
Bundas grandes, pequenas, finas, grossas, peladas e peludas, gordinhas,
musculosas, siliconadas e também de muitas cores e tão sempre polpudas e
gostosas.
Num certo e também errado momento
torna-se fundamental o uso consciente do bunda, pois pelo próprio fato do
intenso uso nem se nota que o tempo te fez confuso e assim sendo esquecido
momentaneamente esse órgão que como dito é insustentável faz-se da lei
gravitacional sua ferramenta funcional para que inevitável se torne o que tem
de ser já que te cobra o peso do tempo, se é que existe peso em algo tão
desenxabido.
É impactante o resultado do
agravante momento em que se nota o bunda tão flacidamente prostrado, pálido e
enrugado aquele que a pouco era tão cobiçado, numa sofreguidão sem fim, agora
tão dolorido e esfolado.
Torna-se necessário ocultar
novamente tal como se fez há tempos seus tutores ao começarem a notar o prelúdio
de sua exuberância, diferente do exibicionismo inerente ocorrido nos bons
tempos quando de tão belo só trazia contentamento.
Vê-se então o bunda velho, o bunda
idoso, o bunda decrépito, cansado e usado como jamais visto e torna-se
necessário uma intervenção, duas, três, sei lá, quantas necessárias forem na
visão feminina, porém na masculina somente o velho metrossexual e o homossexual
entram em pânico e usam de artifícios corretivos, já o velho acomodado assim
como o casado quase nem notam seu traseiro murcho e enrugado.
Sim, não notam os SEUS traseiros,
mas não tiram seus olhares 46,5º do traseiro de outrem principalmente se for um
daqueles que se inflam dentro de sufocantes calças strech e ínfimas mini-saias que
saracoteiam, apetitosos pomos que palpitam feito inchaços inflamados pela
efervescência da tenra idade praticamente clamando por nossos olhares.
Bom, quanto “A” bunda ou “O” bunda
serem o mesmo e ficar “em todos” em um lugar de difícil visualização senão por
torção ou espelhamento jamais se chegara a um denominador comum, pois esse
quase incólume órgão de leveza e ao mesmo tempo insustentável por ter peso
máster no caráter e sendo ele a preferência nacional, senão mundial, sabemos
apenas que é, e não se discute o como é... Só é... BUNDA.
Aí, no bunda vai, no bunda fica ou
no bunda nada, fica a difícil decisão, pois no meu bunda não vai nada e nem
fica por que não permiti que fosse e se não foi então nada, mas fica a
interrogação... Se nada, desde quando meu bunda virou uma piscina ?
Pode
ser que se discuta sobre peitos depois...
Abundamentos,
que se fosse com as mãos seriam aplausos.